Presidente Venceslau | Quinta-Feira, 18 De Abril De 2024
Editorial

“Dona Bondade” na UTI

“Dona Bondade” na UTI

(*) Paulo Francis. Jr

Por mais conhecimento que tenhamos, é bem pouco provável que algum brasileiro saiba, ou tenha ouvido falar, do comediante americano Jimmy Durante, até porque já faleceu há um bom tempo, em 1980. Ele tinha um programa de variedades na TV, no canal NBC. Consta que “Em 4 de agosto de 1955, o programa foi palco da última apresentação de Carmen Miranda. A cantora brasileira passou mal durante um número de dança com Jimmy Durante; a artista, porém, se recompôs e terminou as gravações. No entanto, na madrugada seguinte ela morreria em sua casa, em Beverly Hills, de insuficiência cardíaca. Todavia, a citação apenas é uma curiosidade.

O que quero dizer – enfatizar -, vem de um pequeno livreto de amor e sabedoria, intitulado: “Histórias para aquecer o coração.”  Há uma passagem maravilhosa que passo a contar a partir deste trecho e que expõe o caráter de Jimmy Durante, tido como um dos melhores humoristas de todos os tempos. Se você ler com bastante carinho, altruísmo e compaixão, talvez até se emocione se prestar atenção quando os aplausos da plateia começam. Observe este detalhe!    

Certa ocasião, pediram a Jimmy Durante que fizesse parte de um show para veteranos da Segunda Guerra Mundial. Ele disse que estava com a agenda cheia e que poderia ceder apenas alguns minutos, mas, que se não se importassem de ele fazer um monólogo curto e partir imediatamente para seu próximo compromisso, ele iria. Claro que o diretor do espetáculo concordou alegremente. Mas, Jimmy subiu ao palco e algo interessante aconteceu. Ele acabou o pequeno monólogo e ficou.  Os aplausos(!) ficaram cada vez mais altos e ele continuou ali – quinze, vinte, então trinta minutos.... Finalmente, fez a última reverência e saiu do palco.

Na coxia, um pequeno espaço entre duas fileiras de bancos, alguém o deteve e perguntou: “Jimmy, achei que o senhor tinha que partir depois de alguns minutos. O que aconteceu?” O comediante respondeu: “Eu realmente tinha que ir, mas posso lhe mostrar o motivo pelo qual fiquei. Você mesmo pode ver se olhar na primeira fila.” Lá estavam dois homens, cada um dos quais havia perdido um braço na guerra. Um perdera o braço direito e, o outro, o esquerdo. Juntos eram capazes de aplaudir e era exatamente isso que estavam fazendo, bem alto e alegremente... 

Leitor, há dois aspectos interessantes nesta história: humor e bondade. A nossa sociedade (e a mídia!), de uns anos para cá, não apenas perdeu parte considerável do humor. Eu diria que se tornou rabugenta e fissurada em assuntos que até bem pouco tempo, não geravam epidemia de cólera. Ou pandemia! Hoje, grupos insanos de lacradores criam movimentos esquisitos, dignos de pena. Querer impor condições de raça, sexo, cor, crença, opinião.... Consertar erros milenares do passado de uma vez e a força, beira a imbecilidade! Represam ódio (enrustido) que, quando explode, ninguém segura. Os “massacres” dizem isso! Porém, quero me ater ao segundo item da narrativa de Jimmy.

A bondade tem passado maus bocados. Apanha todo o santo dia! Talvez, na história da Humanidade, nunca tenha vivido um aperto tão grande. Se pudéssemos mensurar isso, diríamos até que a bondade esteja com os dias contados. Na Unidade de Tratamento Intensivo ela já está! Respira por aparelhos! Perdemos a noção de valores, direitos, deveres e liberdade. Não quero aqui imputar à tecnologia mais essa culpa. Todavia, se há algo que corrobora para isso são as facilidades de comunicação individual. Isso tem gerado grande perturbação! Há pessoas que não estão preparadas para receber o peso do dia. E mesmo as que estão, sentem algum impacto! Os estudiosos dizem que recebemos mais de 30 mil informações e notícias novas a cada 24 horas. Será que há alguém conseguindo absorver isso sem ser abalado? Você, leitor do jornal Integração, como está?!

Quase tudo que é noticiado é mal!!! Veja: onde ou como estará a bondade daqui a 10, 30... 50 anos? Existirá? A verdadeira igreja de Deus também existirá?! A sugestão é que nos percalços, nas crises pessoais e nas tristezas coletivas, pudéssemos enxergar que essa espécie de comunicação maligna e massacrante é danosa, sim. E deverá ser dosada ou até interrompida, conforme cada pessoa!!!

Assim, por motivos tolos hoje, “espancamos, atiramos ou esfaqueamos” a bondade. Tadinha dela...

(*) Paulo Francis. Jr é da AVL e escreve aos sábados no jornal Integração Regional.   

Integração Regional

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Jornal integrante de veículo de comunicação com sede em Presidente Venceslau (SP).

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