(*) Paulo Francis. Jr
O pão-duro e o seu magnífico cavalo. O pão-duro resolveu, aos poucos, gradativamente, deixar o cavalo sem comer. Foi reduzindo a ração dia a dia, e economizou uma fortuna. Só teve um problema: quando o cavalo já estava se acostumando a ficar sem comer, morreu... Acontece que, como o cavalo que não comia, certas coisas não funcionam. Rádio não é internet: é instantâneo, mas não tem imagem, não tem cores, não pode ser gerado de qualquer cômodo da casa de qualquer pessoa. TV não é internet: não tem o espaço ilimitado, não tem a instantaneidade, não tem o baixo custo. Impresso não é internet: não tem a instantaneidade, não tem som, não tem movimento, não tem a fartura de espaço, exige equipamentos caros, pesados, instalados em lugares próprios. Fingir de internet só demonstra ao público que a internet é melhor do que seus genéricos.
As explicações do primeiro parágrafo foram dadas no início do ano de 2015 pelo jornalista Carlos Brickmann, no Observatório da Imprensa. Creio que foi neste período que a grande mídia brasileira começou a tropeçar, essencialmente a TV Globo. E o episódio traz uma metáfora de vida, que nos ajudará - eu e você leitor do jornal Integração -, a tomar decisões de agora em diante. Um pouco antes (2003, talvez!), testemunhei centenas de edições do “Jornal Nacional”, querendo e, algumas vezes, noticiando acontecimentos quase ao vivo. Havia interesse e dinheiro para estar em todos os lugares e relatar os fatos baseados num “primeiro olhar.” Foi nesse processo que não somente a Globo decaiu em seu principal informativo, como perdeu o mais valioso: a credibilidade.
Quando temos um fato, um acidente de trânsito por exemplo, como pessoas comuns que chegam ou passam pelo local, já fazemos em nossa cabeça, o juízo ou a versão do acontecimento. No entanto, nem sempre acertamos! E foram essas deduções e erros das muitas e mais variadas áreas, que começaram a minar “as notícias globais”. Pela pressa, quem emite uma informação pode colocar uma pitadinha - ou muito! - de sua versão nos fatos. Ôpa.... Se isso dá dinheiro é bom! Mas, a questão monetária, o lucro é pontual. As parcialidades que foram implantadas foram venenos tomados em doses homeopáticas pela emissora. E pela mídia! Os telespectadores perceberam e começaram uma migração forte para internet, buscando o que perderam: a verdade!
Além disso, com o crescimento ideológico e partidário tomando conta das redações e a queda da grana de publicidade, acabaram por gerar, os tiros de misericórdia que faltavam. Entusiasmados pelo poder tradicional de influenciar o povo, resolveram ainda tomar duas atitudes: omitiram fatos importantes da população e de maneira petulante, mal-intencionada, literalmente, foram enfrentar o poder, o Executivo. A criação do “Consórcio de Imprensa” enfraqueceu todas as emissoras de uma vez só. Não era somente para Covid isso. Passaram a falar a mesma língua! Desprezaram até as gigantescas manifestações públicas, como se chamasse o povo de idiota. Tinham o dever de noticiá-las e não o fizeram! Quando faziam, denominavam de “manifestações antidemocráticas.”
Desde o tempo de Getúlio Vargas, eu li e já vi veículos de imprensa enfrentar poderes e aguentarem o baque. No entanto, nunca tinha visto a elite da mídia se levantar contra o governo e o povo ao mesmo tempo; deixar de vez as notícias e reforçar as narrativas! Até agora é extremamente insistente nisso! Por descuido intelectual, a Globo e diversos jornais, não se deram conta que uma grande porteira estava-se abrindo: as redes sociais. E não há como reverter isso, mais! Seja na mídia, seja nos mais altos poderes da República, quem chama o povo de imbecil, escroto, burro, idiota, etc. recebe o troco imediatamente. O conselho é: pode começar a correr! O povo estava acostumado ou forçado a aceitar essas coisas, mas, não tinha internet. Não tinha como questionar! Agora a população cobra com força quem deve. Está atenta! Nem censura impede isso mais.
Quando um município, no extremo rincão do país alerta a uma autoridade, um magistrado da mais alta corte, para que não vá até lá, é porque a caça às bruxas já começou. Vide os candidatos das eleições de 2022 como estão sendo tratados. Um já foi chutado! Os traidores da população não terão paz. Quem tem salários astronômicos, que zele por ele. Não seja burro. Obedeça ao patrão: o povo...
(*) Paulo Francis. Jr é da AVL e escreve aos sábados no jornal Integração.
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